domingo, 25 de maio de 2014





                 
CHEIRO

Tarde chuvosa, fogo de lenha,
Minha tia na cozinha, Muritiba,
O recôncavo na lembrança,
O cheiro fazendo poesia, nas minhas narinas
Lá fora ainda tem feira,
o povo da roça hoje saiu
carregando a sua vida nos balaios
Dona Etelvina tem rima.
Tia Alcida aprendeu com as negras da fazenda,
De meu avô João, cabeça tão branca,
Que parecia uma pontinha do céu,
Igual aos lençóis alvos de minha avô Lucila .
O cheiro invade a sala, quartos e vizinhança
Hoje teve matança, de boi e carneiro,
É mininico menino, tú já comeu?
Vem provar, omequá!
Cheiros que não se esquecem,
O abraço dela, cheirando a charuto,
a sua saia branca, beijando seus pés
os seus olhos marejados, de luto!

FRED MAGALHÃES
24/05/14

Nenhum comentário:

Postar um comentário